Surpreendentemente, os receptores do sabor amargo não estão localizados apenas na boca, mas também em outras partes do corpo, incluindo as vias aéreas. A ativação desses receptores abre passagens pulmonares, portanto, eles são um alvo potencial para o tratamento de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Agora, os pesquisadores relatam no ACS’ Revista de Química Medicinal que eles projetaram um composto potente e seletivo que poderia abrir caminho para tais terapias.
Entre os 25 tipos diferentes de receptores do gosto amargo, o subtipo TAS2R14 é um dos mais amplamente distribuídos nos tecidos fora da boca. Os cientistas não têm certeza sobre a estrutura do receptor e não identificaram o composto específico ou “ligante” no corpo que o ativa. No entanto, alguns compostos sintéticos, como o ácido flufenâmico, anti-inflamatório não esteróide (AINE), são conhecidos por se ligar e ativar TAS2R14s. Mas esses compostos não são muito potentes e não possuem características estruturais semelhantes. Essas dificuldades dificultam a criação de um ligante melhor. No entanto, Masha Niv, Peter Gmeiner e colegas usaram o ácido flufenâmico como ponto de partida para projetar e sintetizar análogos com propriedades aprimoradas. Em seguida, a equipe queria estender esse trabalho para desenvolver um conjunto de ligantes TAS2R14 ainda melhores.
Com base em suas descobertas anteriores de que certos tipos de estruturas aumentam a potência, os pesquisadores fizeram várias novas variações. Eles testaram esses compostos em um ensaio baseado em células que mede a ativação do receptor. Esta abordagem revelou que a substituição de um anel fenil por uma 2-aminopirimidina e a substituição de um tetrazol por um grupo ácido carboxílico foi uma estratégia promissora. Um dos novos ligantes era seis vezes mais potente que o ácido flufenâmico, o que significa que menos composto era necessário para produzir uma resposta semelhante à do AINE. Esse ligante também foi altamente seletivo para TAS2R14 em comparação com receptores de sabor não amargo, o que poderia minimizar os efeitos colaterais. Os novos compostos ajudarão a esclarecer a estrutura, o mecanismo e a função fisiológica dos receptores do sabor amargo e orientarão o desenvolvimento de candidatos a medicamentos para atingi-los, dizem os pesquisadores.