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Puxadas pelo desmatamento, emissões brasileiras crescem duas vezes mais do que média global

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As elevadas taxas de desmatamento da Floresta Amazônica, registradas principalmente durante os quatro anos de governo Jair Bolsonaro (PL), fizeram com que o Brasil aumentasse a sua participação global na emissão de gases do efeito estufa e, consequentemente, no aquecimento do planeta. Apenas em 2021, último ano em que os dados foram computados, o país emitiu 2,4 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), um aumento de 12,2% em relação a 2020, quando foram lançados na atmosfera 2,1 bilhões de CO2e.

Os dados fazem parte do mais recente relatório Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), elaborado pelo Observatório do Clima, e divulgado nesta quinta-feira (23). 

Este é o segundo pior resultado em quase 20 anos de aferição, ficando atrás apenas de 2003, quando foram lançados na atmosfera três bilhões de toneladas de CO2e. O crescimento da poluição produzida pelo Brasil em 2021 é duas vezes superior à média global estimada para aquele ano (5%). 

Dos 2,4 bilhões de toneladas de carbono emitidas, 1,19 bilhão têm como origem o desmatamento ocorrido em todos os biomas do país. Em comparação com 2020, a poluição oriunda da chamada mudança de uso da terra e florestas (MUT) cresceu 18,5%. A quantidade supera as emissões do Japão – uma das maiores potências industriais e poluidoras do mundo.  

Sozinha, a Amazônia respondeu por 77% das emissões brutas de gases do efeito estufa oriundas da MUT. Em 2021, não por acaso, o bioma registrou a pior taxa de desmatamento em 15 anos, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): 13.038 km2. Em 2020, a área derrubada também já tinha sido elevada: 10.851 km2.

Somando as emissões por desmatamento e outras mudanças de uso da terra com as do setor agropecuário, o relatório aponta que, em 2021, a atividade agropecuária respondeu por 74% de toda a poluição climática brasileira. 

O aumento do rebanho bovino fez com que somente a agropecuária ficasse na segunda posição entre os maiores emissores de gases do efeito estufa: 601 milhões de toneladas de CO2e. 

Em terceiro lugar com mais contribuição está o setor de energia, com 435 milhões de toneladas de CO2e; um ano antes foram 387 milhões. Foi a maior alta observada desde 1973, quando o Brasil estava no auge de seu “milagre econômico” da ditadura militar (1964-1985).   

A “década perdida”  

Os dados sinalizam que o Brasil ficou longe de cumprir a meta de redução do desmatamento da Amazônia estabelecida no Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNCM). Aprovado em 2010, o plano trazia como meta a redução de 80% na destruição da floresta tropical até 2020.

Assim, o relatório elaborado pelo Observatório do Clima define o período 2010-2020 como a “década perdida” do Brasil no combate às mudanças climáticas. 

“Esses números indicam que, embora a PNMC tenha produzido inovações importantes no ordenamento legal brasileiro e criado instrumentos para mensuração de emissões e combate à mudança do clima, do ponto de vista da atmosfera, a década de 2010 foi perdida para o Brasil”, afirma o documento do OC.

A organização também alerta que os resultados da “década perdida” fazem com que o país comprometa as metas assumidas no âmbito do Acordo de Paris (NDC), em 2015. A contribuição brasileira seria a de diminuir as emissões em 37% até 2025, em relação a 2005. O Brasil deveria começar a tirar do papel as suas metas da NDC em 2021. 

Para que isso fosse possível, no entanto, o combate ao desmatamento deveria ter sido adotado como política principal, diz a organização. Todavia, o governo Bolsonaro não só adotou a estratégia de “deixar a boiada passar” com o desmonte da agenda ambiental, como executou uma “pedalada” para as metas assumidas no Acordo de Paris. O truque consistiu em aumentar as emissões do ano-base (2021) sem ajustar os percentuais.   

“Desde que o SEEG começou a publicar as estimativas anuais das emissões há 10 anos, observamos uma trajetória ascendente, culminando no recorde em 2021. A expectativa para a próxima década é observar uma reversão, puxada pela redução e até a eliminação do desmatamento”, afirma David Tsai, coordenador do SEEG. 

Desde a campanha eleitoral de 2022, o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha como uma das principais promessas a reconstrução da agenda ambiental do país. 

Desde que assumiu o cargo ele fala em desmatamento ilegal zero na Amazônia. Se de fato o novo governo conseguir reduzir a devastação não só da Amazônia, como também do Cerrado e Pantanal, o país pode diminuir suas contribuições para o aquecimento global. 

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