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Pesquisadores da Fundação Florestal (FF) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estão mapeando onças-pintadas no Estado de São Paulo. Este trabalho dos especialistas é importante para a conservação dessa espécie, que é ameaçada de extinção.
Onça-pintada que morreu atropelada, na manhã deste domingo (23), já tinha sido vista pelas câmeras de monitoramento do Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP).
Pesquisadores da Fundação Florestal (FF), em Teodoro Sampaio (SP), nomearam esta onça-pintada como ‘Sarado’ — Foto: Reprodução/TV Fronteira
Pesquisadores nomearam esta onça-pintada como ‘Sarado’ (imagem acima). Se trata de um macho, adulto, que pode pesar mais de 100 quilos. Além dele, uma parceria entre a FF e o ICMBio está mapeando as onças-pintadas em todo o Estado de São Paulo.
Participam deste mapeamento todas as onças que já foram identificadas no Pontal do Paranapanema, Contínuo de Paranapiacaba, Serra do Mar e Vale da Ribeira.
Câmeras de monitoramento auxiliam no mapeamento das onças-pintadas no Estado de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Fronteira
A pesquisadora da FF, Andrea Pires, em entrevista à TV Fronteira, explicou que o trabalho funciona como um de ‘guia das onças’.
“Juntando informações, conhecimento, nós pensamos ‘por que não fazer um guia das onças para o Estado de São Paulo?’. Porque cada onça tem como se fosse sua digital. Nós pensamos neste guia para auxiliar outros pesquisadores, que fizerem registros, ou até a população em geral, quando vai para o rio pescar e vê uma onça nadando ou uma onça em algum lugar do estado. A gente consegue ter essa identificação, porque traz informação para o monitoramento também”, argumentou.
Pesquisadora da Fundação Floresta, Andrea Pires, explica sobre o mapeamento das onças-pintadas — Foto: Reprodução/TV Fronteira
O mapeamento é feito através das rosetas, que são as pintas das onças. Funcionam como uma espécie de ‘impressão digital’ destes animais. Cada uma delas tem a sua marca única e, assim, elas são batizadas com o nome e todas as suas informações vão sendo armazenadas.
O Chico, por exemplo, é um macho flagrado várias vezes pelas armadilhas fotográficas no Oeste Paulista e é acompanhado pelos pesquisadores desde filhote.
Mapeamento é feito com a partir das rosetas das onças-pintadas — Foto: Reprodução/TV Fronteira
“Essas armadilhas captam essas imagens, a gente traz para o escritório, descarrega nos computadores e identifica as onças, dá um nome, batiza com a população, faz essa ação também. E cada uma delas a gente mapeia, roseta a roseta, para ter esse banco de dados grande de cada bicho, então a gente trabalha os dois lados, a cauda, o rosto, a cabeça, então tem esse perfil todo do animal para a gente poder identificar em qualquer ângulo que ele apareça”, complementou a pesquisadora.
A cada 60 dias os pesquisadores mudam as câmeras de monitoramento de lugar, dentro da mata. Estas alterações colaboram para que os profissionais consigam entender como os animais ocupam a área.
No Parque Estadual do Morro do Diabo, a observação das onças-pintadas é feita em 40 pontos diferentes dentro da floresta.
‘Chico’ é acompanhado pelas armadilhas de monitoramento desde quando era filhote — Foto: Reprodução/TV Fronteira
Armadilhas fotográficas monitoram as onças-pintadas no Estado de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Fronteira
O biólogo e monitor da biodiversidade, Fabrício Cecotti de Souza Maria, ressalta a importância do acompanhamento dos animais com as armadilhas fotográficas.
“Dá para saber se ela passou aqui em tal período, se ela passou nessa região em outro período, então a gente consegue fazer uma linha temporal e a ocupação destes animais aqui no parque. É bem interessante quando você faz a análise dessas imagens, a gente acaba pegando umas imagens muito legais, comportamentos que acho que só pela câmera a gente conseguiria observar”, disse o monitor.
“Tem o Chico, que a gente pegou ele desde filhote, acompanhando a mãe, e agora ele é adulto. Nas câmeras duplas, a gente conseguiu pegar mãe e filho adulto andando juntos, que é uma coisa um pouco rara”, acrescentou Fabrício.
‘Chico’ é acompanhado pelas armadilhas de monitoramento desde filhote, quando era flagrado andando com a mãe — Foto: Reprodução/TV Fronteira
A bióloga Beatriz Beisiegel, do ICMBio, monitora há anos as onças-pintadas no Estado de São Paulo e principalmente no Contínuo de Paranapiacaba. No local, desde 2016, já foram identificadas 35 onças através deste monitoramento, que é feito com o auxílio das armadilhas fotográficas e com o acompanhamento dos animais através de colares com GPS instalados nos mesmos.
“Um dos objetivos é atualizar a estimativa populacional da espécie aqui no Contínuo de Paranapiacaba. Nestes 10 anos aconteceram alguns fatos positivos para as onças e alguns fatos negativos. Entre os fatos positivos, está o aumento da população de uma das principais presas delas, que são as queixadas, e a criação e ampliação das unidades de conservação”, pontuou Beatriz.
Câmeras de monitoramento auxiliam no mapeamento das onças-pintadas no Estado de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Fronteira
A especialista conta que isso possibilita a inferência de histórias de vidas dos indivíduos e a conservação da espécie. Mas, apesar deste trabalho, tem-se notado a diminuição das onças-pintadas no território paulista.
“Estamos falando de uma facilitação muito grande do acesso às armas, de uma glamourização muito grande da figura do caçador, e a caça é uma ameaça importantíssima, e é uma das piores ameaças para uma população tão pequena quanto a nossa. Uma perda de um bicho, adulto, com dois terços da vida reprodutiva pela frente ainda, numa população tão pequena, é um fato que aumenta muito a probabilidade de extinção dessa população, então parece ‘poxa, um bicho adulto morto aqui, outro bicho adulto morto ali, que diferença isso faz para a espécie, né?’, mas em uma população pequena, isso pode aumentar para 100% a probabilidade de extinção dessa espécie aqui, em 100 anos”, finalizou a bióloga.
Câmeras de monitoramento auxiliam no mapeamento das onças-pintadas no Estado de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Fronteira
Para os pesquisadores, o mapeamento é um trabalho importante para acompanhar a conservação deste felino, que é considerado o maior das Américas.
“É uma espécie que a gente chama de guarda-chuva, porque conservando o ambiente que ela está, a gente conserva toda uma cadeia de interações de animais abaixo, porque ela é um topo de cadeia trófica, então quando eu conservo um ambiente, eu conservo para todo mundo. Essa é a importância do Parque Estadual do Morro do Diabo ter uma população de onça-pintada, porque mostra o quanto ele está conservando uma espécie tão ameaçada”, concluiu Andrea.
Por G1
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