O acervo didático que divulga as belezas e ameaças do Pantanal

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O que torna o Pantanal tão único e singular? Como funciona o regime hidrológico dessa área úmida? E quais são as ameaças que rondam a região? Para responder essas e outras perguntas em uma linguagem acessível que consiga alcançar diferentes públicos, uma iniciativa no Mato Grosso do Sul tem produzido um acervo de materiais didáticos com informações sobre as características e ameaças da maior área úmida continental do planeta.

Intitulada como “Aulas Pantaneiras”, a iniciativa teve início em 2020, e desde então são mais de três anos de produção contínua de conteúdo didático sobre o Pantanal. “O material pode tanto ser utilizado por professores, como também por qualquer pessoa que queira saber mais sobre a região”, conta a ((o))eco o biólogo Sandro Menezes Silva, um dos coordenadores do Documenta Pantanal, projeto idealizador da iniciativa. 

Reunindo profissionais de diversas áreas, o Documenta Pantanal surgiu há cerca de quatro anos a partir da preocupação com o desconhecimento que se tinha sobre o bioma, e o que isso podia representar em termos de desvalorização e desproteção da região. E as “Aulas Pantaneiras” é um dos eixos pelo qual o projeto busca tornar conhecidas as fragilidades e belezas do Pantanal.  

“As aulas surgiram a partir da constatação de que existe relativamente pouco material disponível sobre o Pantanal em uma linguagem mais acessível, que pessoas que não sejam necessariamente do meio acadêmico possam acessar e entender com facilidade”, explica Silva. 

Na iniciativa, o biólogo atua como divulgador científico do conhecimento sobre o bioma. “O que faço por meio da constante busca por material publicado na forma de dissertações, teses, livros e artigos científicos existentes em diversas plataformas eletrônicas de acesso livre”. Este é um tipo de trabalho que, como professor universitário na Universidade da Grande Dourados (UFGD), já faz parte da vida do biólogo. 

Biólogo e professor da Universidade Federal da Grande Dourado (UFGD), Sandro Menezes Silva, um dos coordenadores do Documenta Pantanal. Foto: Reprodução

Em formato de vídeos curtos, que duram até 4 minutos, e um texto de apoio, a iniciativa já tratou de diversos aspectos do Pantanal, como: biodiversidade; hidrografia; diferentes regiões; sociodiversidade regional; ameaças em termos de conservação socioambiental; principais atividades econômicas; entre outros. 

“As aulas podem não só contribuir para o fazer didático dos professores e educadores, mas também ampliar o conhecimento sobre o Pantanal para quaisquer públicos, especialmente após o período de 2020-2021, quando a região ganhou bastante atenção da sociedade em função dos grandes incêndios que assolaram o Pantanal”, conta o biólogo. 

Inicialmente, a ideia era abordar apenas aspectos relacionados à biodiversidade do bioma e as suas ameaças, muito por conta da formação do professor. “Mas na medida em que essa ação avançou, sentimos necessidade de ampliar esse escopo, trazendo para as aulas outros temas”, explica o biólogo.

O público alvo da iniciativa também foi outra coisa que mudou. No início, as “Aulas Pantaneiras” tinham sido pensadas, sobretudo, para professores que atuavam no Pantanal. “Mas percebeu-se por meio do monitoramento dos impactos da iniciativa, que professores de outras regiões passaram a usar o material, assim como estudantes de diversos níveis educacionais, como material de apoio para realização de trabalhos escolares”, conta Silva. 

Atualmente, uma vez publicado, o material pode ser utilizado gratuitamente por qualquer pessoa que tenha interesse em acessá-lo. “Já fui até procurado por profissionais de comunicação que usaram o material como apoio para escrever sobre o Pantanal”, conta o biólogo, que acredita que quanto mais diversificado o público maior a disseminação de informações sobre o Pantanal. 

Conscientização como impacto

Doutoranda em Ciências Ambientais pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Cáceres (MT), Selma Nunes tem feito um levantamento entre alunos e professores do Pantanal para avaliar o conhecimento que estes têm sobre o bioma. “Depois, [a gente quer] desenvolver um trabalho fazendo com que essas escolas conheçam o sistema do Pantanal como um todo”, conta a pesquisadora a ((o))eco. 

Em Mato Grosso, ela também é professora da rede pública estadual e já levou os alunos que têm em Várzea Grande (MT) para conhecer de perto o bioma. Essa cidade juntamente com a capital do estado, Cuiabá, diz ela, são grandes poluidores de um dos grandes abastecedores da planície pantaneira: o rio Cuiabá. 

“Costumo levar os alunos para conhecer o Pantanal, para ver como nós estamos conectados e como que o lixo daqui interfere lá”, explica a pesquisadora. 

Para a professora, os materiais das “Aulas Pantaneiras” são importantes por contribuir com a missão de conscientizar sobre os riscos e perigos ao bioma. “Com certeza, esse material pode ajudar a divulgar o conhecimento do Pantanal, principalmente nas escolas”, diz a doutoranda depois de ter conhecido a iniciativa. “É um bioma que deve ser trabalhado por todo o estado”, conclui. 

O rio Cuiabá tem papel importante na regulação dos ciclos de cheia e vazante do Pantanal. Foto: Michael Esquer / ((o))eco

As ameaças ao Pantanal

Como mostrou ((o))eco, e também aponta a iniciativa do Documenta Pantanal, as ameaças no Pantanal relacionam-se à atividades que ocorrem no planalto – região que circunda a planície de inundação pantaneira. “Como práticas agropecuárias inadequadas e projetos de aproveitamento hidrelétrico”, explica o professor da UFGD. 

Entretanto, esses temores também se repetem de outras formas na planície do bioma com, por exemplo, a supressão de vegetação nativa e a substituição de pastagens nativas por pastagens com espécies exóticas, o que tem “grande potencial de bioinvasão”, diz Silva. 

Projetos hidroviários e suas respectivas estruturas de apoio também ameaçam a região, além do avanço da agropecuária, mineração de ouro no Mato Grosso e de minério de ferro e calcário em Mato Grosso do Sul, diz Sandro. “Embora o Pantanal seja uma região relativamente bem conservada, várias ameaças pairam sobre a região”, conclui o biólogo. 


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