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Não precisa fazer oposição a esse governo, ele é uma oposição por si só

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Durante entrevista exclusiva à CNN no aeroporto de Orlando nesta quarta-feira (29), antes de voltar ao Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma “oposição por si só” e que não há possibilidade de colaborar com a administração atual.

“Você não precisa fazer oposição a esse governo. Esse governo é uma oposição por si só dado a qualificação daqueles que compõe os ministérios. Ele criou mais quatorze ministérios, o perfil das pessoas é bastante diferente dos nossos, você pode fazer comparação aí no Brasil. E você começa a entender o porquê, queria que infelizmente fosse o contrário, não tem como dar certo esse governo”, disse.

Ele criticou o quadro de ministros e as propostas do atual governo, como o que classificou ser “o controle da mídia, o controle de armas, o MST voltando a levar o terror para o campo, essa política deles de aumentar impostos”.

Entretanto, o ex-chefe de Estado ressaltou que não irá liderar a oposição ao governo Lula e que participará com seu partido “como uma pessoa experiente”, colaborando com “o que eles desejarem”.

 

CPI do 8 de janeiro

O ex-chefe de Estado defendeu a instauração de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os atos criminosos que ocorreram em Brasília em 8 de janeiro.

“Nós estamos focados na CPMI dos atos do dia 8 de janeiro. Nós lamentamos o ocorrido. Quem praticou os atos de vandalismo tem que ser culpado por isso. Os inocentes não justificam continuar presos. E tão pouco aqueles que já foram postos em liberdade mereciam aquilo tudo”.

Anteriormente, no dia 24 de março, Bolsonaro havia dito que enxerga os atos de invasão aos prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional como uma “armadilha feita pela esquerda” e acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de responsabilidade.

Houve também o anúncio na entrevista à CNN de que Bolsonaro rodará o país em preparação para as eleições municipais do próximo ano.

“Algumas coisas são páginas viradas para nós, e vamos, sim, nos preparar para as eleições do ano que vem. Pretendo rodar pelo Brasil. Uma ou duas saídas por mês, no máximo três. Para a gente conversar com os nossos simpatizantes”, informou.

Joias da Arábia Saudita

Outro ponto abordado durante a entrevista à CNN foi a questão das joias que recebeu de presente do governo da Arábia Saudita. Ele negou irregularidades e afirmou que os objetos estavam cadastrados.

“Se houvesse má fá por parte de alguém, não teria sido cadastrado. (…) Nada foi escondido. Se a imprensa divulga, é porque tem um cadastro dizendo que foi recebido”, explicou, adicionando que todos os itens estão “a disposição”.

Nesta semana, foi noticiado que, durante viagem à Arábia em 2019, Bolsonaro recebeu um pacote de joias do governo estrangeiro. Questionado sobre isso, pontuou que “nada foi extraviado, nada sumiu. Esse outro pacote está à disposição”.

Quanto aos outros dois pacotes que o governo saudita entregou ao então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque durante uma viagem em 2021, Bolsonaro novamente afirmou que soube após um ano dos presentes.

Além disso, destacou que tentou reaver o pacote que ficou retido na receita federal através de ofícios.

“Deixo bem claro: em 2021, um ministro nosso foi na região (sic) da Arabia Saudita e ganhou dois presentes, um pra mim, um pra primeira-dama. O pra mim, tomei conhecimento no final do ano passado que tinha chegado. A primeira-dama (sic) ficou na alfândega. Ela tomou conhecimento, e eu também, pela imprensa”, ressaltou.

“Foi buscado, documentalmente, com ofícios, nós buscamos recuperar esse material para o acervo, por ofício, ninguém quis buscar na mão grande. Não teve avião da força aérea especificamente pra tentar buscar esse material em São Paulo. O garoto lá prometeu uma carona pra ir pra lá”, complementou.

Volta ao Brasil

Logo que chegou ao terminal aéreo, Bolsonaro conversou e tirou fotos com apoiadores no saguão aeroporto, tecendo críticas ao “socialismo” e dizendo que seu governo acolheu “milhares de venezuelanos”.

“Teve gente que foi enganada pelo socialismo. Espero que o Brasil não mergulhe, não vá por esse caminho. E a Venezuela é o país mais rico do mundo em petróleo, era para ser um paraíso lá. Somos escravos das nossas escolhas”, pontuou.

O desembarque está previsto para as 7h10, no Aeroporto Internacional de Brasília. O ex-chefe de Estado viajou para o exterior dois dias antes do fim de seu mandato. Ele não participou da passagem da faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

*publicado por Tiago Tortella, da CNN

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