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Na época da ditadura militar, os governadores eram escolhidos pelo ditador de plantão, agraciando aqueles que por alguma razão, geralmente subserviência ao ditador, que deveriam assumir o governo de um estado qualquer. Assim, cágados e marsupiais puderam ascender ao poder maior de governos estaduais, com algumas honrosas exceções.
Poucos se destacaram pelo legado deixado, alguns não são lembrados nem pela própria família, mas teve um que se destacou por uma frase que permanece até hoje como um mantra da política: Que País é este? É o mantra deixado por Francelino Pereira, Governador de Minas Gerais.
Com a licença póstuma desse personagem para fazer uso de sua famosa frase, faço com pequena modificação: Meu Deus, que Parlamento é este?
Na boa e velha teoria política, cabe ao parlamento legislar, para o bem do povo do país onde ele atua, sempre levando em consideração os maiores e melhores interesses do povo desse país. Teoria… algo que no Brasil do século XXI essa teoria é lida pelo avesso, em sentido negativo do pressuposto epistemológico dela.
Primeiro veio uma pandemia, precedida por um desastre moral epidêmico por estas bandas, epidemia que se tornou avassaladoramente pandêmica como subproduto da pandemia. Um governo desfibrado e dominado por milícias digitais transferiu, por pura sobrevivência, o poder real ao Parlamento, para lamento de todos nós. Esse Parlamento, assoberbou-se e se achou senhor de todos os poderes, sem considerar os seus deveres (aqueles do próprio Regimento), mas aqueles casuisticamente desenhados para atender a sanha dos vampiros engravatados.
Agora, de olho no próprio bolso e na bolsa do povo, vendem o que resta de vida natural aos senhores da economia endinheirada, usando o desenvolvimento como álibi para seus crimes nefandos. Para garantir o aluguel de seus “préstimos”, mutilam a estrutura da administração pública federal que, acredita-se, tentava um desenvolvimento sustentável, pelo menos no discurso feito perante o Planeta, que agora o Parlamento brasileiro insiste em contribuir para sua destruição.
Que País é este, que tem na política o vírus mais letal de sua própria destruição? E, por favor, não me venham com esse discurso falacioso de que é possível desenvolver com equilíbrio ambiental, como se todos nós fossemos destituídos de neurônios e de conhecimentos adquiridos em mais de trezentos anos de pesquisas científicas. Os falastrões de gravatas e ternos pagos por nós, ditos contribuintes/eleitores, terão o troco na próxima eleição porque não podemos permanecer conformados com a forma amoral exercitada por esse parlamento composto de bonecos de ventríloquo que repetem ad nauseam algo cujo sentido sequer imaginam.
Acredito que o Brasil é vítima da maldição do diploma de candidato eleito. Perante os Tribunais Eleitorais, recebem um retângulo de papel onde e lê “Diploma de Candidato Eleito” e, por essa razão, passam a acreditar que, junto desse papel, também recebem, desta vez por revelação divina, todos os saberes necessários para o desempenho de suas santificadas missões. Vai daí que passam a ditar regras sobre tudo, sobretudo sobre aquilo que nunca ouviram falar, como desenvolvimento sustentável; demarcação de terras indígenas, como se eles próprios, os parlamentares, fossem responsáveis pela existência dos povos originários colocados por eles só depois da promulgação da Constituição Federal.
Acreditam, esses senhores engravatados, soberbos como monarcas feudais, que este Estado Brasileiro pertence exclusivamente aos seus desideratos escabrosos, já que, por alguma patologia que se torna genética a cada ano, se esforçam para deixar de lado os interesses de seus patrões, o povo brasileiro a quem devem respeito e subordinação, já que são regiamente pagos para essa função.
O povo, nós, os chamados cidadãos, só percebidos quando assumimos o papel de eleitores, em grande monta midiatizados e seduzidos pela máquina trituradora de consciências, que se tornam quase homogeneizadas pelo massacre visual, agora magnificado pelas tais redes sociais. Disso é gerado, gestado, germinado com adubos financeiros muitas vezes, esse monstrengo que se chama Parlamento Brasileiro. Seu objetivo DEVERIA SER atuar em prol do interesse de quem ele está representando, ou seja o povo, para quem deveria legislar para criar normas e regras que são de interesse público, facilitando a vida em sociedade, mas…o que se tem visto é a entronização dos interesses dos partidos políticos e de seus mandatários. Povo, afinal, o que é isso?
O grande e emblemático exemplo, é o que acabou de acontecer com a Medida Provisória que reestruturou o Poder Executivo. Algo feito para atender aos clamores do povo brasileiro que cobra o respeito às questões ambientais, especialmente após as infernais queimadas na floresta amazônica (que não pega fogo, segundo o maior cientista internacional vindo da Terra Plana). As lembranças do incêndio no Pantanal jamais serão esquecidos, como também o genocídio com o povo yanomami, os garimpos “artesanais” e a agropecuária suicida. Um outro estudo da Polícia Federal, de junho do ano passado, revelou que quatros rios na Terra Yanomami tem alta contaminação por mercúrio: 8600% superior ao estipulado como máximo para águas de consumo humano.
Assim, da ação e omissão dolosa, esse Parlamento, perdão, parlamento, ameaça os filhos e netos dos seus membros ao incentivar, facilitar e induzir a destruição do que resta da Mata Atlântica, dos territórios indígenas, que serão açambarcados pela banda podre do agronegócio, destituída de qualquer resquício de respeito às leis.
Esquecem, esses senhores da gravata e da bravata discursiva em defesa do que desconhecem, que nenhuma nação sobrevive sozinha neste mundo globalizado e interdependente. Dito de outro modo, o Brasil ficará isolado com essas medidas suicidas do parlamento e acabará por deixar de receber os bilhões de dólares do Fundo Amazônia, por exemplo. Além de ser afastado das grandes decisões da governança mundial e, vergonhosamente, receberá críticas das personalidades mundiais, perdendo a credibilidade dos discursos oficiais, como já feitos pelo atual Presidente. Tudo porque um parlamento mequetrefe, apoiado naquele diploma de candidato eleito, vocifera conhecimento de almanaque, adornado com números fabricados em seus escritórios.
Eita! Brasil! Que Parlamento! Ou seria Pra lamento?
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