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Dois ataques de tubarão foram registrados em Pernambuco em menos de 48 horas. Ambos os casos ocorreram na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife.
Em entrevista à CNN, Paulo Oliveira, engenheiro de pesca e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), disse que os tubarões “sempre estiveram e ainda estão nesta região”, mas o trabalho de conscientização da população vem diminuindo.
Desde 1992, quando o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) começou a documentar os ataques em Pernambuco, já foram registrados 77 ataques de tubarão. Destes, 23 aconteceram na praia de Piedade.
O trecho com maior registro de ataques na praia, e onde aconteceram os dois casos mais recentes – próximo à igrejinha de Piedade – está interditado pela prefeitura da cidade para banho de mar desde julho de 2021 por este motivo. A medida foi tomada depois de dois ataques de tubarão acontecerem em um espaço de 15 dias naquele mês.
“A questão envolvendo tubarões e seres humanos não é algo recente no litoral de Pernambuco”, disse Oliveira.
Ele explicou que, em 2014, o trabalho de pesquisa e monitoramento de ataques de tubarão realizado pela UFRPE com apoio do governo do estado e da prefeitura foi descontinuado. Por conta disso, as ações de conscientização ambiental sobre os riscos envolvendo o animal também diminuíram.
“O tempo vai passando e isso cai no esquecimento. Como o trabalho de monitoramento não está sendo realizado, as pessoas começam a se aventurar em regiões mais profundas do mar, permanecer mais tempo dentro da água”, explicou o professor.
Ele explicou que a grande presença de tubarões na região se deve a dois fatores principais: a existência de um canal – uma área de águas mais profundas que permite que os animais fiquem mais próximos da praia – e a degradação ambiental da costa.
“Antes, [o animal] se aproximava da costa, se alimentava e depois ia embora. Agora ele não encontra mais alimento com tanta facilidade e permanece mais tempo na região em busca desse alimento”, explicou.
A profundidade das águas no canal permite que eles fiquem mais tempo na área próxima da praia.
Oliveira também ressaltou que o tubarão, na maior parte das vezes, não ataca os seres humanos para se alimentar, e sim por instinto. O animal fica inseguro com a presença de outro ser vivo grande e ataca para defender seu espaço.
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