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O número de alertas de desmatamento na Amazônia bateu recorde em fevereiro. Os dados consolidados para o mês, atualizados nesta sexta-feira (10) na plataforma do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostram que foram gerados alertas para 321,97 km², um crescimento de 62% em relação ao mesmo período de 2022, quando os alertas indicaram desmatamento em 198,67 km². A área sob alerta em fevereiro de 2023 é maior do que a capital cearense, Fortaleza, e a pior de toda série histórica do INPE, que teve início em 2016.
O recorde vem depois de uma baixa expressiva registrada em janeiro, quando foram emitidos alertas para 166,5 km², número 61% menor do que em janeiro de 2022. A queda no primeiro mês do governo Lula foi comemorada, mas especialistas alertaram que ela ainda não representava uma tendência, já que o período havia registrado muita cobertura de nuvens.
Segundo Claudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do INPE, uma parcela dos alertas gerados agora em fevereiro pode ser residual do mês anterior que agora pôde ser lido pelos satélites. Mas ele não representa a maior parte dos alertas gerados. “Fevereiro me surpreendeu”, disse a ((o))eco.
Segundo Almeida, existe uma “inércia” no desmatamento, que deve demorar a ser impactada pelas políticas de comando e controle que estão sendo implementadas pelo novo governo. “É preciso lembrar que o 1º governo Lula começou em 2003 e o desmatamento só começou a cair em 2005. Há uma inércia no desmatamento, fazer isso cair vai demandar muita força e persistência”, disse.
Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, concorda com o pesquisador do INPE. “Os números altos que nós estamos vendo agora se devem à falta de governança que continua a imperar na Amazônia, ao crime ambiental que ganhou muito poder na região. O governo que a gente tem agora começou faz dois meses. Ele [governo] está fazendo coisas importantes, mas não quer dizer que nesse pouco tempo ele já tenha conseguido reverter um legado de 4 anos de destruição que foi deixado pelo último governo”, disse.
Segundo Astrini, não é possível fazer uma previsão de quando os números do Deter – programa do INPE que mede os alertas – vão baixar. Mas uma coisa é certa: o atual governo vai precisar correr em suas ações se não quiser amargar uma taxa anual de desmatamento tão alta – ou maior – do que a registrada durante o último ano do governo Bolsonaro, quando foram desmatados 13.038 km² de floresta.
“O atual governo precisa encarar de frente que agora ele está numa corrida contra o tempo, porque ele tem apenas mais cinco meses para reverter essa situação. Existe um risco real de os números ficarem muito parecidos com o número do ano passado, do governo Bolsonaro, ou inclusive maior. O tamanho do esforço que vai precisar ser feito para a reversão do cenário é gigantesco”, disse, em referência ao chamado calendário do desmatamento, que vai de 1º de agosto de um ano até 31 de julho do ano seguinte.
Desmatamento nos estados
Entre os estados que mais desmataram em fevereiro, Mato Grosso ganha disparado: neste estado, foram gerados alertas para 162 km² de floresta. Em segundo lugar no ranking aparece o Pará, com alertas gerados para 46 km², seguido por Amazonas, com 46 km², Roraima, com 31 km², Rondônia, com 28km², Acre, com com 4 km² e Maranhão, também com 4 km². Amapá e Tocantins não registraram alertas.
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