CRISPR-Cas9, a “tesoura genética”, cria um novo potencial para curar doenças; mas os tratamentos devem ser confiáveis. Em um novo estudo, os pesquisadores descobriram que o método pode dar origem a mudanças imprevistas no DNA que podem ser herdadas pela próxima geração. Esses cientistas, portanto, recomendam cautela e validação meticulosa antes de usar o CRISPR-Cas9 para fins médicos.
O CRISPR-Cas9 é uma ferramenta eficaz para a modificação do genoma em microrganismos, bem como em animais e plantas. Na área da saúde, o método abre espaço para a cura de inúmeras doenças genéticas, desde que o DNA seja modificado corretamente e não sofra alterações inesperadas. Até o momento, essas mutações indesejadas foram estudadas em células, mas o conhecimento das consequências em organismos vivos permanece limitado.
“Neste projeto, estudamos os efeitos do CRISPR-Cas9 no zebrafish, um pequeno peixe de aquário. Como as moléculas de DNA e seus mecanismos são semelhantes em todos os animais, achamos que os resultados devem ser semelhantes em humanos, por exemplo”, diz Adam Ameur , professor associado da Uppsala University e do Science for Life Laboratory (SciLifeLab).
Quando estudaram o genoma de mais de 1.000 zebrafish de duas gerações, os pesquisadores encontraram mutações inesperadas de vários tipos. Em alguns casos, fragmentos de DNA maiores do que o previsto sofreram alterações, enquanto em outros casos ocorreram mutações no local errado do genoma. Mutações imprevistas foram encontradas no zebrafish de primeira geração, mas também em seus descendentes.
“Saber que essas mutações inesperadas são hereditárias é importante, pois podem ter consequências de longo prazo para as gerações futuras.
Na área da saúde, métodos adaptados para corrigir genes em um determinado tecido ou tipo de célula estão sendo desenvolvidos. Embora tais tratamentos não representem nenhum risco para as gerações futuras, recomenda-se cautela.
“CRISPR-Cas9 pode ser uma ferramenta incrivelmente valiosa na área da saúde. Mas precisamos minimizar o risco de efeitos indesejados, e podemos fazer isso validando cuidadosamente as células modificadas com as mais recentes tecnologias de sequenciamento de DNA”, diz Ameur.
O estudo foi liderado por pesquisadores da Uppsala University e da National Genomics Infrastructure (NGI) do SciLifeLab.