As preguiças, como denuncia o seu próprio nome, são animais que vivem a um ritmo muito diferente do da maioria dos outros mamíferos. Habitando os topos das árvores, onde se refugiam dos predadores, procuram alimento e repousam, podíamos pensar que, no atual contexto de rápidas alterações climáticas, as preguiças podem estar a ficar para trás.
Contudo, estes arborícolas podem ser mais adaptativos do que pensamos. Uma equipa de cientistas passou longos períodos de tempo nas florestas tropicais da Costa Rica a estudar duas espécies de preguiça, a Bradypus variegatus, com três dedos, e a Choloepus hoffmanni, com apenas dois. O objetivo central era perceber como é que esses animais vagarosos conseguem adaptar-se a mudanças nas condições ambientais.
Foto: Tiago Lubiana / Wikimedia Commons
Num artigo divulgado esta segunda-feira na publicação ‘PeerJ Life & Environment’, revelam que estas duas preguiças apresentam padrões de atividade irregulares ao longo do dia, ou seja, ajustam os seus períodos de atividade consoante, por exemplo, a temperatura. Afirmam os investigadores que esse mecanismo permite-lhes tirar partido de condições ambientais mais favoráveis e, ao mesmo tempo, evitar a exposição aos predadores.
E, contrariamente ao que esperavam, a temperatura diurna não parecia afetar significativamente o comportamento das preguiças. Mas verificaram que as da espécie Bradypus variegatus estavam mais ativas em noite mais frias ou em noite que se seguiram a dias mais frescos.
Isso levou-os a contemplar a hipótese de o comportamento das preguiças poder realmente ser influenciado por variações térmicas.
Foto: Dick Culbert / Wikimedia Commons
Além disso, perceberam que as diferenças nos períodos em que as preguiças estão ativas variam não só entre espécies, mas também entre indivíduos da mesma espécie, uma “flexibilidade” que lhes permite “explorar condições ambientais favoráveis” e minimizar a probabilidade de encontros potencialmente fatais com predadores, como ocelotes (Leopardus pardalis) e aves de rapina.
Os resultados foram obtidos através de pequenos dispositivos de recolha de dados colocados no dorso de 12 animais, que foram acompanhados pela equipa durante 17 meses, entre abril de 2014 e agosto de 2015.
Foto: The Sloth Conservation Foundation
“Embora exista ainda muito para aprender sobre os fatores que impulsionam a atividade das preguiças”, admitem os investigadores, as irregularidades nos padrões de atividade parecem sugerir “interações complexas” entre os seus ritmos de vida, a sua fisiologia e as condições ambientais.
No artigo, escrevem que “as alterações climáticas, a par de várias pressões antropogénicas (alterações do uso do solo, desflorestação, intensificação agrícola e urbanização da floresta tropical) estão a ameaçar as populações de preguiças por toda a América Central e do Sul”. Por isso, “para se desenvolver planos de conservação eficazes, precisamos primeiro de compreender como as preguiças lidam com alterações no seu ambiente e como essas mudanças impactam a ecologia comportamental da espécie”.
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