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À medida que a Terra aquece, os impactos nos ecossistemas, nos animais e nas plantas são cada vez maiores e mais diversos. Um deles é o encurtamento dos períodos de hibernação, que poderá ter consequências para a sobrevivência desses animais, incluindo o pequeno esquilo-do-ártico (Urocitellus parryii).
Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos da América quis perceber de que forma as alterações climáticas estão a afetar a vida deste roedor terrestre na região ártica do Alasca. Para isso, analisaram mais de 25 anos de dados recolhidos sobre o clima e a biologia do animal e constataram que o aquecimento da Terra está a tornar mais curta a sua hibernação e que as fêmeas acordam primeiro do que os machos.
Cory Williams estuda os esquilos-do-ártico há mais de 15 anos e é um dos principais autores de um artigo publicado na semana passada na revista ‘Science’, no qual ele e a sua equipa alertam para a rapidez do aquecimento no Ártico, reconhecendo, contudo, que ainda pouco se sabe sobre os impactos nos ecossistemas dessa região do planeta, sobretudo devido à falta de estudos de longo prazo.
“Penso que o que orna este estudo único é o facto de olharmos para um conjunto de dados suficiente longo que mostra os impactos das alterações climáticas num mamífero no Ártico”, explica o investigador da Colorado State University. E argumenta que o trabalho permite estabelecer “uma ligação direta entre as alterações na temperatura e a fisiologia e ecologia destes animais”.
Os esquilos-do-ártico no Alasca sobrevivem aos invernos rigorosos, tal como outros animais, hibernando durante mais de metade do ano, em tocas a quase um metro abaixo da superfície. Isso implica reduzirem o ritmo a que funciona os seus organismos: pulmões, coração, cérebro e funções fisiológicas. Durante esse ‘sono profundo’, os esquilos passam a viver num estado quase de animação suspensa, em que tudo funciona em câmara lenta para evitar gastos de energia desnecessários.
A única energia que gastam será talvez a que usam para se manterem minimamente quentes e evitar congelarem. Chegando a primavera, emergem do subsolo e lançam-se em busca de alimento para tentarem repor as calorias perdidas durante a hibernação, além de, claro, um parceiro com o qual se possam reproduzir.
Helena Chmura, da Universidade de Alaska Fairbanks e principal autora do artigo, aponta que a camada de solo que está acima do pergelissolo, estrato de solo que está permanentemente congelado (ou permafrost, em inglês), “congela mais tarde no outono, não fica tão fria em meados do inverno e descongela ligeiramente mais cedo na primavera”.
A cientista diz que as alterações climáticas ao longo do último quatro de século têm feito com que o solo mais superficial, onde os esquilos fazem as suas tocas a hibernam, descongele cerca de 10 dias mais cedo do que antes, interferindo com os padrões de hibernação dessa espécie.
Ao recolherem dados sobre a temperatura de esquilos-do-ártico selvagens, descobriram que as fêmeas estão a adaptar-se mais rapidamente à chegada antecipada da primavera e, por isso, a acordar mais cedo da hibernação do que os machos.
Os autores salientam como positivo o facto de as fêmeas poderem começar a procurar alimento mais cedo e que isso poderá traduzir-se em ninhadas mais saudáveis e em níveis mais altos de sobrevivência da espécie.
Contudo, o desfasamento entre o fim do período de hibernação das fêmeas e dos machos pode resultar em ‘desencontros amorosos’ e numa menor taxa de reprodução. Outra consequência negativa de acordarem mais cedo é ficarem expostos durante mais tempo aos predadores, como raposas, lobos e águias.
Os investigadores reconhecem que, pelo menos por agora, é impossível prever os impactos de uma hibernação mais curta no futuro da espécie, pelo que são precisos mais trabalhos para aprofundar o conhecimento sobre esse fenómeno e também sobre como as alterações climáticas estão a afetar a vida dos predadores que se alimentam desses pequenos roedores.
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